quinta-feira, 22 de junho de 2023

PRÊMIO CIDADE SUSTENTAVEL EM UMA REALIDADE INSUSTENTAVEL?


 


Na imprensa local, no último dia 20/06, os pelotenses foram informados que o governo do município foi agraciado com o Prêmio Cidades Sustentáveis: acelerando a implementação da Agenda 2030, concedido às administrações municipais que executam “políticas públicas bem-sucedidas, inovadoras e comprometidas com a implementação dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) das Nações Unidas”.

Sobre isso, porém, a comunidade de Pelotas, legítima interessada nas respostas governamentais à necessidade de enfrentamento da crise ambiental, merece conhecer a realidade tal como ela é.

O Fórum em Defesa da Democracia Ambiental (FDAM), ciente da responsabilidade com a questão ambiental local, vê-se então impulsionado a informar dados oficiais que não apontam avanços, mas sim, retrocessos, lamentavelmente.

Em relação ao desempenho do governo do município em direção ao cumprimento da Agenda 2030, ou seja, sobre o atendimento aos objetivos do Desenvolvimento Sustentável propostos pela ONU, o que se observa é um quadro oposto que, em vez de premiação, é digno de grande preocupação.

Conforme registrado no Relatório Anual da Qualidade Ambiental (RAMB), publicado pelo governo municipal, em 2021, Pelotas apresentava 3 objetivos atingidos, 3 objetivos com desafios, 4 objetivos com desafios significativos e 7 objetivos com grandes desafios. Já os dados mais recentes, relativos ao ano de 2022 e disponíveis em https://idsc.cidadessustentaveis.org.br/profiles/pelotas-RS mostram alteração extremamente negativa: somente 1 objetivo atingido, 1 com desafios, 6 com desafios significativos e 9 com grandes desafios, o que não é demonstrativo de melhoria, mas de intensificação dos problemas.

Na classificação geral que mede o progresso para o cumprimento dos ODS nas cidades, a pontuação de Pelotas que em 2021 era 53,8, em 2022 foi rebaixada para 48,3.

Ainda que de um ano para outro a dinâmica da realidade possa tornar mais complexa a capacidade de respostas em torno da Agenda 2030, os dados indicam involução no seu enfrentamento e, mais grave, possível incapacidade na gestão dos problemas que, naturalmente, são crescentes.

O FDAM vem, ao longo do tempo, lançando alertas contundentes frente a práticas que concorrem para a insustentabilidade e medidas que buscam mascará-la como sustentabilidade (lavagem verde).

PRÊMIOS, APENAS, NÃO GARANTEM A VIDA.

A situação que se apresenta, lamentavelmente, não nos levará a cenários com melhorias na qualidade ambiental. É urgente a mobilização de todos, especialmente do poder público local, para desencobrir os problemas e buscar as alternativas na busca do ambiente sadio e ecologicamente equilibrado (Art. 225 da Constituição).

 


Pelotas, 22.06.23.

(Dia Mundial das Florestas Tropicais) 

 


Coordenação FDAM

 

 

 


Nenhum comentário:

Postar um comentário