domingo, 9 de junho de 2024

FDAM divulga documento sobre a catástrofe climática

  


O Fórum em Defesa da Democracia Ambiental (FDAM), constituído por instituições públicas, organizações não governamentais, sindicatos, movimentos sociais e pessoas comprometidas com a manutenção e aprofundamento da Democracia Ambiental, realizou sua Reunião Geral Anual em 05.06, no Dia Mundial do Meio Ambiente.

Além de questões ordinárias, a reunião foi chamada para tratar das causas e consequências das mudanças climáticas, com destaque para o cenário local.

Serviram de subsídios para o debate alguns documentos científicos/políticos, como Relatório da Câmara Técnica das Mudanças Climáticas do COMPAM e estudos do LabUrb, da Ufpel.

A avaliação do LabUrb, recepcionada pelo FDAM parte do entendimento que: “o atual modo de planejamento urbano prejudica direta ou indiretamente toda a população da cidade, além de trazer prejuízos ao conjunto da cadeia produtiva do Município (comércio, prestação de serviços, indústria e outros), já que esse modelo representa danos para a própria funcionalidade urbana, ampliando os efeitos dos problemas ambientais, de origem local e regional. Esse quadro implica em benefício de um único setor, representado pelas grandes construtoras e incorporadoras imobiliárias, algumas inclusive sem sede no próprio Município”.

Já, o referido relatório da CTTTMC , de junho 2023, mais uma vez, ressalvou que, para o sul do Brasil, foram realizadas projeções indicadoras do incremento de médio a extremo da precipitação, com maior intensidade e frequência de inundações pluviais, como ocorreu. Também alertou para a vulnerabilidade climática de Pelotas e destacou que não seria exagero “ressaltar tal alerta, especialmente para um município que, até o momento, não adotou nenhuma política de combate às mudanças climáticas, como é o caso de Pelotas”, Contudo, o governo municipal e seus apoiadores, notadamente representando o capital, sem argumento técnico e/ou justificativa científica, negaram e arquivaram o Relatório.

Cabe questionar: o que poderia ter sido diferente se, há um ano, quando foi aprovado o Relatório pela CTTMC do COMPAM, tivessem sido adotadas as medidas preventivas recomendadas no referido documento e outras, adotadas de forma emergencial durante o evento extremo?

Ao analisar a Emergência Climática, através de diálogos críticos, mas convergentes que marcaram a reunião geral, consolidando a unidade e organização do FDAM, foram reiteradas possíveis ações e propostas outras.

A chamada reconstrução, para o FDAM, deve ser um processo não privatista e nem negacionista, cujas bases necessitam ser fundadas na Ciência e na Democracia, visando combater as causas da injustiça climática, do racismo ambiental, considerando a qualidade de vida da população e a defesa do constitucional ambiente ecologicamente equilibrado. Cabe buscar caminhos que não sejam os mesmos trilhados até aqui. O modo hegemônico de ocupação dos espaços urbanos e rurais, com ameaças e violações ao ambiente ecologicamente equilibrado e promotor injustiças sociais, é um dos fatores que tem destruídos os banhados, fundamentais para atenuar enchentes pelo seu efeito esponja, e demais áreas de preservação permanente (APP), levando às mudanças climáticas. Por isso, também, deve ser imediata a declaração de emergência climática.

Igualmente foram aprovados, por unanimidade, diversas medidas para o enfrentamento das mudanças climáticas, tais como:

1.    Aperfeiçoar e fazer valer as leis de proteção ambiental e o bem-estar popular, cessando, imediatamente, toda e qualquer medida que represente retrocesso da lei ambiental e revogando os retrocessos urbano-ambientais legais, especialmente os relativos às últimas décadas, assumindo com prioridade a proteção do ambiente natural.

2.    Exigir um debate público e participativo sobre as causas e consequências das mudanças climáticas.

3.    Estabelecer e manter atualizado um sistema de informações urbanas e ambientais para a cidade e garantir o acesso à informação ambiental;

4.    Conceber, implementar e manter planos e ações para uma Educação Ambiental e Urbana voltada à justiça ambiental, e ao combate do negacionismo climático.

5.    Considerar a Bacia Hidrográfica como unidade básica de planejamento e gestão.

6.    Proteger (restaurar e manter), urgentemente, os ecossistemas regionais como os banhados, dunas, matas nativas e demais Áreas de Preservação Permanente (APPs).

7.    Criar um novo Conselho da Cidade, liberto da hegemonia dos interesses da especulação imobiliária;

8.      Implementar um Programa Assistência Técnica à Habitação de Interesse Social (ATHIS).

9.      Apoiar a fixação e melhoria de populações tradicionais, como comunidades ligadas à pesca artesanal, com localização, acessibilidade, tipologia edilícia, dinâmica e manutenção típicas.

10.  Proibir novas urbanizações e aterros em áreas de risco de alagamento (em áreas de inundação do sistema hídrico, de drenagem natural, de nascentes, em áreas baixas, banhados, campos inundáveis, matas nativas, dunas, áreas erodidas e em outras áreas de interesse ambiental ou de fragilidade ambiental).

11.  Proibir a realização de novas urbanizações fechadas, gradualmente convertendo as atuais urbanizações fechadas em lugares abertos e com livre utilização de ruas e benfeitorias urbanas, melhorando as condições de conectividade, acessibilidade e habitabilidade do conjunto da cidade.

12.  Proteger e subsidiar disputas de áreas de comunidades vulneráveis, os quais podem implicar em gentrificação e expulsão de pessoas de seus locais tradicionais, como por exemplo a comunidade do Passo dos Negros e as comunidades de pesca artesanal.

O FDAM, que recebe mais e mais adesões, completará 5 anos em 26.06 e dele fazem parte:

ACBem da Terra, ADUFPel SSind, AGRUPA, ASIBAMA RS, Associação Hip-Hop, ASUFPel, Comunidade Pesqueira Barra de Pelotas, CIMI-Sul, CEA, Coletivo Alicerce, Comissão de Meio Ambiente da Câmara de Vereadores, Eco Pelo Clima, FAUrb/UFPel, GEEPAA, Habitat Social da UCPel, IAUB, IFSul - Campus Pelotas, IAB/RS,  IMA, Instituto Biofilia, IPPampa, Instituto Teia, GEEPAA, Juntos, Observatório dos Conflitos do Sul do Brasil,  ONG AMIZ, ONG Cuidando de Nós – Passos dos Negros, PCB, Pedal Curticeira, Programa Habitat Social da UCPel, Projeto Mapa Visual das Águas, Gabinete da Vereador Jurandir Silva (PSOL); Gabinete do Vereador Marcus Cunha (PDT), Gabinete da Vereadora Miriam Marroni (PT), Gabinete da Vereadora Fernanda Miranda (PSOL), Gabinete do Vereador Ivan Duarte (PT), SEEB, SIMP, SINDIFISCO, SOS Laranjal, STICAP e UFPel.

Veja o documento completo aqui.

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